fevereiro 12, 2009

27. O que é a morte?

A morte é o sonho central do qual brotam todas as ilusões. Não é loucura pensar na vida como nascimento, envelhecimento, perda de vitalidade e, finalmente, morte? Colocámos esta questão anteriormente, mas agora temos de considerá-la com mais cuidado. É uma crença fixa e imutável do mundo que todas as coisas dentro dele nascem somente para morrer. Isso é considerado como «a forma da natureza», não para ser questionado, mas para ser aceite como a lei «natural» da vida. O cíclico, o mutável e o incerto; o imprevisível e o instável, o crescente e o minguante de uma certa forma, num dado caminho - tudo isto é tido como a vontade de Deus. E ninguém se pergunta se tal poderia ser a vontade de um Criador benigno. 2. Se o universo que percebemos fosse tal como Deus o criou, seria impossível pensar que Deus é amoroso. Pois quem decretou que todas as coisas morram, terminando em pó, desapontamento e desespero, só pode ser temido. Ele mantém a tua pequena vida nas mãos apenas por um fio, pronto para o romper sem pena ou cuidado, talvez hoje. Ou, caso espere, ainda assim o fim é certo. Quem ama assim não conhece o amor, porque negou que a vida é real. A morte veio, então, a ser o símbolo da vida. O seu mundo é, agora, um campo de batalha, onde reina a contradição e opostos guerreiam sem cessar. Onde há morte, a paz é impossível. 3. A morte é o símbolo do medo de Deus. O Seu Amor é apagado nesta idéia, que o mantém fora da consciência como um escudo erguido para obscurecer o sol. A qualidade sinistra do símbolo basta para mostrar que não pode coexistir com Deus. Mostra uma imagem do Filho de Deus onde ele é «colocado para descansar» nos braços da devastação, onde os vermes esperam para o saudar e para durar um pouco mais através da sua destruição. No entanto, também os vermes, com a mesma certeza, são igualmente condenados à destruição. E, assim, todas as coisas vivem, devido à morte. Devorar é a «lei da vida» dentro da natureza. Deus é doentio e o mundo é real. 4. A curiosa crença segundo a qual parte daquilo que morre pode continuar a viver à parte do que vai morrer, não proclama um Deus amoroso, nem restabelece qualquer terreno para a confiança. Se a morte é real para o que quer que seja, não há vida. A morte nega a vida. Mas se há realidade na vida, a morte é negada. Nisto, não é possível nenhuma transigência. Ou existe um deus do medo, ou um Deus do amor. O mundo tenta fazer mil transigências e tentará fazer outras mil. Nenhuma pode ser aceitável para os professores de Deus, pois nenhuma seria aceitável para Deus. Ele não fez a morte, porque não fez o medo. Para Ele, ambos são, igualmente, sem significado. 5. A «realidade» da morte está firmemente enraizada na crença segundo a qual o Filho de Deus é um corpo. E se Deus tivesse criado corpos, a morte certamente seria real. Mas Deus não seria amoroso. Não há nenhum ponto onde o contraste entre a percepção do mundo real e a do mundo das ilusões se torne mais evidente. A morte é, de fato, a morte de Deus, se Ele é Amor. E, agora, a Sua própria criação tem de temê-Lo. Ele não é Pai, mas destruidor. Não é Criador, mas vingador. Terríveis são os Seus Pensamentos e assustadora a Sua imagem. Contemplar as suas criações é morrer. 6. «E a última a ser vencida será a morte.» É claro! Sem a idéia de morte não há mundo. Todos os sonhos terminarão com esse. Essa é a meta final da salvação - o fim de todas as ilusões. E da morte nascem todas as ilusões. O que pode nascer da morte e ainda ter vida? Mas o que pode nascer de Deus e ainda morrer? As inconsistências, as transigências e os rituais que o mundo fomenta nas suas vãs tentativas de se agarrar à morte e ainda pensar que o amor é real, tudo isso é magia irracional, ineficaz e sem significado. Deus é, e Nele todas as coisas criadas têm de ser eternas. Não vês que, de outro modo, há um oposto para ele e o medo seria tão real quanto o amor? 7. Professor de Deus, a tua única atribuição poderia ser colocada assim: não te comprometas com nada onde a morte tenha lugar. Não acredites na crueldade, nem permitas que o ataque te esconda a verdade. O que parece morrer apenas foi percebido erradamente e levado até à ilusão. Agora, vem a ser tarefa tua fazer com que a ilusão seja levada até à verdade. Sê firme apenas nisto: não te enganes com a «realidade» de nenhuma forma de mutação. A verdade nem se move, nem vacila, nem naufraga na morte e na dissolução. E qual é o fim da morte? Nenhum senão este: o reconhecimento de que o Filho de Deus é sem culpa, agora e para sempre. Nada além disto. Mas não te permitas esquecer que não é menos do que isto.