fevereiro 12, 2009

5. Como se realiza a cura?

A cura envolve a compreensão do propósito da ilusão da doença. Sem isso, é impossível.

I. O propósito percebido na doença
A cura é realizada no instante em que aquele que sofre já não vê nenhum valor na dor. Quem escolheria sofrer a não ser que pensasse que a dor lhe traz algo, e algo de valor? Ele tem de pensar que é um preço pequeno a ser pago por alguma coisa de maior valor. Pois a doença é uma escolha, uma decisão. É uma escolha da fraqueza, na convicção errada de que a fraqueza é força. Quando isto ocorre, a força real é vista como ameaça e a saúde como um perigo. A doença é um método, concebido na loucura, para colocar o Filho de Deus no trono do Pai. Deus é visto como se estivesse do lado de fora, feroz e poderoso, ansioso por manter a totalidade do poder para Si Mesmo. Só através da Sua morte, é possível que Ele seja conquistado pelo Seu Filho.
Dentro dessa convicção doentia, o que representa a cura? Simboliza a derrota do Filho de Deus e o triunfo do seu Pai sobre ele. Representa o derradeiro desafio que, diretamente, o Filho de Deus é obrigado a reconhecer. Simboliza tudo o que quer esconder de si mesmo para proteger a sua «vida». Se for curado, é responsável pelos seus pensamentos. E se é responsável pelos seus pensamentos será morto para provar a si mesmo o quanto é frágil e digno de pena. Mas se ele próprio escolhe a morte, a sua fraqueza é a sua força. Agora, dá a si mesmo o que Deus lhe daria e, assim, usurpa inteiramente o trono do seu Criador.

II. O deslocamento na percepção
A cura ocorre necessariamente na exata proporção em que se reconhece que a doença não tem valor. Basta alguém dizer: «Eu não ganho absolutamente nada com isto» e está curado. Mas para dizer isto, primeiro tem de reconhecer certos fatos. Antes do mais, é óbvio que as decisões são da mente, não do corpo. Se a doença não é senão uma perspectiva errada de como solucionar os problemas, a doença, então, é uma decisão. E se é uma decisão, é a mente, e não o corpo, que a toma. A resistência a reconhecer isto é enorme, posto que a existência do mundo tal como tu o percebes depende do corpo como sendo aquele que toma as decisões. Termos como «instintos», «reflexos» e outros semelhantes representam tentativas de dotar o corpo com motivos não-mentais. De fato, tais termos, simplesmente, declaram ou descrevem o problema. Não lhe dão uma resposta. 2. A aceitação da doença como uma decisão da mente que pretende usar o corpo para alcançar o seu propósito, é a base da cura. E isto é assim para todas as formas de cura. Um paciente decide que isto é assim e recupera a saúde. Caso se decida contra a recuperação, não será curado. Quem é o médico? Apenas a mente do doente. O resultado é o que ele decidir. Aparentemente, agentes especiais* trabalham nele, mas não fazem senão dar forma à sua própria escolha. O paciente escolhe-os por forma a realizar os seus desejos. Isso é o que fazem e nada mais. De fato, não são absolutamente necessários. O paciente, sem o auxílio deles, poderia, simplesmente, levantar-se e dizer: «Não tenho nenhuma utilidade para isto». Não há forma de doença que não seja curada imediatamente. 3. Qual o requisito único para esta mudança de percepção? Simplesmente isto: o reconhecimento de que a doença é da mente e não tem nada a ver com o corpo. Qual o «preço» deste reconhecimento? Custa mundo que vês, pois nunca mais o mundo vai parecer reinar sobre a mente. Pois, juntamente com tal reconhecimento, a responsabilidade é colocada no seu devido lugar; não no mundo, mas na pessoa que olha para o mundo e o vê como ele não é. Ela olha para o que escolhe ver. Nada mais, nada menos. O mundo não faz nada a essa pessoa. Ela é que imaginava que fazia. Nem ela faz nada ao mundo, pois estava enganada em relação ao que o mundo é. Aí está a libertação de ambas, culpa e doença, posto que são uma só. No entanto, para aceitar esta libertação, é preciso que a idéia da insignificância do corpo seja aceitável. 4. Com esta idéia, a dor desaparece para sempre. Mas, com esta idéia, também desaparece toda a confusão a respeito da criação. Não são decorrências inevitáveis? Coloca causa e efeito na sua verdadeira seqüência em relação a uma única coisa e a aprendizagem irá generalizar-se e transformar o mundo. O valor de transferência de uma única idéia verdadeira não tem fim ou limite. O resultado final desta lição é a lembrança de Deus. O que significam agora culpa e doença, dor, desastre e todo o tipo de sofrimento? Não tendo propósito, tudo isto desaparece. E, com eles vão, também, todos os efeitos que pareciam causar. Causa e efeito são apenas uma réplica da criação. Vistos na sua perspectiva correta, sem distorção e sem medo, elas restabelecem o Céu.

III. A função do professor de Deus
Se o paciente tem de mudar a sua mente para ser curado, o que faz o professor de Deus? É capaz de mudar a mente do paciente por ele? É claro que não. Para aqueles que já estão dispostos a mudar a sua própria mente, o professor de Deus não tem função, a não ser a de se regozijar com eles, pois tornaram-se professores de Deus com ele. O professor de Deus, porém, tem uma missão mais específica para com aqueles que não compreendem o que seja a cura. Esses pacientes não se dão conta de que escolheram a doença. Ao contrário, acreditam que a doença os escolheu. E nem têm a mente aberta em relação a isto. O corpo diz-lhes o que fazer e eles obedecem. Não têm idéia de quanto esse conceito é doentio. Se, pelo menos, suspeitassem disso, seriam curados. Entretanto, de nada suspeitam. Para eles, a separação é bastante real. 2. O professor de Deus vem a eles para representar uma outra escolha, aquela que haviam esquecido. A simples presença de um professor de Deus é uma chamada de atenção. Os pensamentos do professor de Deus solicitam o direito de questionar o que o paciente aceitou como verdadeiro. Enquanto mensageiros de Deus, os Seus professores são os símbolos da salvação. Perante o paciente, eles pedem-lhe perdão para o Filho de Deus, em nome do próprio Deus. Os professores de Deus representam a alternativa. Com o Verbo de Deus nas suas mentes, vêm, não para curar os doentes, mas para abençoar, para lhes recordar o remédio que Deus já lhes deu. Não são as mãos dos professores de Deus que curam. Não é a voz deles que profere o Verbo de Deus. Eles, simplesmente, dão o que lhes foi dado. Com muita gentileza, apelam para os seus irmãos para que se afastem da morte: «Contempla tu, Filho de Deus, o que a Vida te pode oferecer. Escolherias a doença em lugar disto?» 3. Jamais os professores de Deus avançados consideram as formas de doença em que o seu irmão acredita. Fazer isto é esquecer que todas têm o mesmo propósito e não são, portanto, realmente diferentes. Os professores de Deus procuram a Voz de Deus nesse irmão que está disposto a se auto-enganar até acreditar que o Filho de Deus pode sofrer. E lembram-lhe que, como ele não se fez a si mesmo, não pode deixar de permanecer tal como Deus o criou. Os professores de Deus reconhecem que ilusões não têm qualquer efeito. A verdade nas suas mentes procura alcançar a verdade nas mentes dos seus irmãos, de tal modo que as ilusões não sejam reforçadas. Desta forma tais ilusões são trazidas à verdade; não é a verdade que é trazida às ilusões. Desta forma as ilusões são dissipadas, não pela vontade de um outro mas pela união da Vontade Única Consigo Mesma. E essa é a função dos professores de Deus: não ver nenhuma vontade como se fosse separada da sua própria e nem a sua da de Deus.