I. Confiança
Esse é o fundamento no qual repousa a sua capacidade de cumprir a função que lhes cabe. A percepção é o resultado do aprendizado. De fato, percepção é aprendizado, posto que causa e efeito nunca estão separados. Os professores de Deus têm confiança no mundo, porque aprenderam que ele não é governado pelas leis que o mundo inventou. Ele é governado por um Poder Que está neles mas não vem deles. É esse Poder Que mantém todas as coisas a salvo. É através deste Poder que os professores de Deus olham para um mundo perdoado.Uma vez que esse Poder tenha sido experimentado, é impossível confiar na insignificante força de cada um outra vez. Quem tentaria voar com as asas diminutas de um pardal quando lhe foi dado o grande poder da águia? E quem colocaria sua fé nas pobres oferendas do ego quando as dádivas de Deus foram depositadas diante de si ? O que é que os induz à fazer a transição?
A. O desenvolvimento da confiança Em primeiro lugar, eles têm que passar pelo que poderia ser chamado de um “período de desfazer”. Isso não precisa ser doloroso, mas usualmente é experimentado assim. Parece que as coisas estão sendo tiradas de nós e inicialmente é raro que se compreenda que o fato de que elas não têm valor está apenas sendo reconhecido. Como é possível que a ausência de valor seja percebida, a não ser que a pessoa esteja em uma posição na qual não possa deixar de ver as coisas sob uma luz diferente? Ela não está ainda num ponto em que possa fazer a mudança toda internamente. E assim, o plano algumas vezes pede mudanças no que parecem ser circunstâncias externas. Estas mudanças são sempre úteis. Quando o professor de Deus tiver aprendido isso, ele passa para o segundo estádio. Em seguida, o professor de Deus tem que atravessar um “período de seleção”. Isso é sempre um tanto difícil porque, tendo aprendido que as mudanças na sua vida são sempre úteis, ele agora terá que decidir todas as coisas considerando se elas são mais ou menos úteis . Ele vai descobrir que muitas, se não a maior parte das coisas que antes valorizava, apenas dificultarão a sua capacidade de transferir o que aprendeu para novas situações na medida em que surgirem. Tendo valorizado o que realmente não tem valor, ele não vai generalizar a lição por medo de perda e sacrifício. É preciso um grande aprendizado para compreender que todas as coisas, eventos, encontros e circunstâncias são úteis. Só na medida em que são úteis é que qualquer grau de realidade lhes deve ser atribuído nesse mundo de ilusões. A palavra “valor” não se aplica a nada além disso. O terceiro estádio pelo qual o professor de Deus tem que passar pode ser chamado de “um período de abandono”. Se isso for interpretado como uma desistência do desejável, engendrará enormes conflitos. Poucos professores de Deus escapam inteiramente dessa aflição. Não há, porém, nenhum sentido em separar o que tem valor do que não tem, a não ser que se dê o passo seguinte, que é óbvio. Portanto, o período intermediário pode ser aquele no qual o professor de Deus se sente solicitado a sacrificar seus mais caros interesses em nome da verdade. Ele ainda não se deu conta de quão totalmente impossível seria tal exigência. Ele só pode aprender isso na medida em que, de fato, desiste do que não tem valor. Através disso aprende que aonde antecipou dor, acha, ao contrário, uma feliz leveza de coração; onde pensou que algo lhe estava sendo pedido, acha uma dádiva concedida a ele. Agora vem um “período de assentamento”. Esse é um período de quietude, no qual o professor de Deus descansa um pouco em certa paz. Agora ele consolida seu aprendizado. Agora começa a ver o valor de transferir o que aprendeu. O potencial disso é literalmente assombroso e o professor de Deus está agora em um ponto do seu desenvolvimento no qual vê nisso a sua saída. “Desiste do que não queres e guarda o que queres.” Como é simples o óbvio! E como é fácil de se fazer! O professor de Deus necessita desse período de pausa. Contudo, ele ainda não veio tão longe quanto imagina. “No entanto, quando estiver pronto para seguir adiante, vai com companheiros poderosos ao seu lado. Agora ele descansa um pouco e os reúne antes de prosseguir. Daqui para a frente, ele não irá sozinho. O próximo estádio é, de fato, um “período de des-assentamento”. Agora, o professor de Deus tem que compreender que ele realmente não sabia o que tinha e o que não tinha valor. Tudo o que realmente aprendeu até aqui foi que não queria o que não tinha valor e, de fato, queria o que tinha. Apesar disso, sua própria seleção foi sem significado no sentido de lhe ensinar a diferença. A idéia de sacrifício, tão central no seu próprio sistema de pensamento, fez com que fosse impossível para ele julgar. Ele pensou ter aprendido a disponibilidade, mas vê agora que não sabe para que serve essa disponibilidade. E agora tem que atingir um estado que talvez por muito, muito tempo ainda lhe seja impossível alcançar. Precisa aprender a deixar de lado todo julgamento e pedir apenas o que realmente quer em qualquer circunstância. Se cada passo nesta direção não fosse tão fortemente reforçado, seria de fato muito duro! Finalmente, há um “período de consecução”. É aqui que o aprendizado é consolidado. Agora, o que antes era visto como meras sombras vem a ser sólidas conquistas, com as quais se pode contar em todas as “emergências” bem como nos momentos tranqüilos. De fato, o seu resultado é a tranqüilidade; o resultado do aprendizado honesto, da consistência do pensamento e da transferência total. Esse é o estádio da paz real, pois aqui reflete-se inteiramente o estado do Céu. Daqui em diante, o caminho para o Céu é fácil e está aberto. De fato, é aqui. Quem poderia querer “ir” a qualquer lugar se a paz já está completa? E quem buscaria trocar a tranqüilidade por algo mais desejável? O que poderia ser mais desejável do que isso?
II. Honestidade
Todos os outros traços dos professores de Deus baseiam-se na confiança. Uma vez que ela tenha sido alcançada, os outros não podem deixar de se seguir. Só aqueles que confiam podem se permitir a honestidade, pois só eles podem ver seu valor. A honestidade não se aplica apenas ao que dizes. De fato, o termo significa consistência. Nada do que dizes contradiz o que pensas ou fazes, nenhum pensamento se opõe a outro pensamento, nenhum ato trai tua palavra e nenhuma palavra discorda de outra. Tais são os verdadeiramente honestos. Não há nenhum nível em que estejam em conflito consigo mesmos. Portanto, é impossível para eles estar em conflito com qualquer pessoa ou qualquer coisa. A paz da mente que experimentam os professores de Deus avançados se deve em grande parte à sua perfeita honestidade. Só o desejo de enganar é que faz a guerra. Ninguém em unidade consigo mesmo é capaz de sequer conceber o conflito. O conflito é o resultado inevitável do auto-engano e o auto-engano é desonestidade. Não há nenhum desafio para um professor de Deus. Desafio implica dúvida e a confiança na qual os professores de Deus descansam em segurança faz com que a dúvida seja impossível. Por conseguinte, só podem ter sucesso. Nisso, como em todas as coisas, são honestos. Só podem ter sucesso porque nunca fazem a própria vontade sozinhos. Escolhem por toda a humanidade, por todo o mundo e por todas as coisas dentro dele, pelo que não muda e permanece imutável além das aparências, pelo Filho de Deus e pelo seu Criador. “Como poderiam não ter sucesso? Escolhem em perfeita honestidade, seguros da sua escolha tanto quanto de si mesmos.
III. Tolerância
Os professores de Deus não julgam. Julgar é ser desonesto, pois julgar é assumir uma posição que não tens. É impossível haver julgamento sem auto-engano. O julgamento implica que tens te enganado nos teus irmãos. Como, então, poderias não ter te enganado contigo mesmo? O julgamento implica falta de confiança e a confiança continua sendo a estrutura sobre a qual se baseia todo o sistema de pensamento do professor de Deus. Deixa que isso se perca e todo o teu aprendizado se vai. Sem julgamento todas as coisas são igualmente aceitáveis, pois quem poderia julgar de outra maneira? Sem julgamento, todos os homens são irmãos, pois quem haveria de estar separado? O julgamento destrói a honestidade e despedaça a confiança. “Nenhum professor de Deus pode julgar e esperar aprender.
IV. Gentileza
O dano é impossível para os professores de Deus. Eles não podem infligi-lo nem sofrê-lo. O dano é o resultado do julgamento. É o ato desonesto que segue um pensamento desonesto. É um veredicto de culpa para um irmão e, portanto, para a própria pessoa. É o fim da paz e a negação do aprendizado. Demonstra a ausência do currículo de Deus e a sua substituição pela insanidade. Nenhum professor de Deus pode deixar de aprender - e bem cedo no seu treinamento que causar dano oblitera completamente a sua função na sua consciência. Fará com que ele fique confuso, amedrontado, raivoso e desconfiado. Fará com que seja impossível aprender as lições do Espírito Santo. E o Professor de Deus também não pode sequer ser ouvido a não ser por aqueles que compreendem que o dano, de fato, nada pode conseguir. Nenhum ganho pode dele advir. Portanto, os professores de Deus são totalmente gentis. Necessitam da força da gentileza, pois é nisso que a função da salvação vem a ser fácil. Para aqueles que querem causar dano, ela é impossível. Para aqueles que não vêem significado no dano, ela é meramente natural. Que outra escolha além dessa pode ter significado para quem é São? Quem escolhe o inferno quando percebe um caminho para o Céu? E quem escolheria a fraqueza que não pode deixar de vir do dano, em lugar da força infalível, totalmente abrangente e sem limites da gentileza? O poder dos professores de Deus está em sua gentileza, pois compreenderam que seus pensamentos maus não vieram nem do Filho de Deus nem do seu Criador. Assim, uniram os seus pensamentos Àquele Que é a sua Fonte. E assim a vontade deles, que sempre foi a Dele próprio, é livre para ser ela mesma.
V. Alegria
A alegria é o resultado inevitável da gentileza. Gentileza significa que o medo agora é impossível e o que poderia vir para interferir com a alegria? As mãos abertas da gentileza estão sempre cheias. Os que são gentis não têm dor. Não podem sofrer. Por que não seriam alegres? Eles estão certos de que são amados e de que estão a salvo. A alegria vai com a gentileza assim como o sofrimento acompanha o ataque. Os professores de Deus confiam Nele. E estão certos de que o Professor de Deus vai à sua frente, assegurando que nenhum dano lhes venha a suceder. “Eles mantém as Suas dádivas e seguem no Seu caminho porque a Voz de Deus os dirige em todas as coisas. A alegria é a sua canção de agradecimento. E Cristo também inclinam-se olhando para eles com gratidão. A Sua necessidade deles é tão grande quanto a que eles tem Dele. Que alegria é compartilhar o propósito da salvação!
VI. Ausência de defesas
Os professores de Deus aprenderam como ser simples. Eles não têm sonhos que necessitem de defesa contra a verdade. Eles não tentam fazer a si mesmos. Sua alegria vem da sua compreensão de Quem os criou. E o que Deus criou necessita de defesa? Ninguém pode vir a ser um professor de Deus avançado enquanto não compreender inteiramente que defesas não passam de tolos guardiões de ilusões loucas. Quanto mais grotesco o sonho, mais firmes e poderosas aparentam ser as suas defesas. No entanto, quando o professor de Deus finalmente concorda em olhar para o que vem depois delas, descobre que ali não havia nada. Lentamente, no início, ele se deixa ser desenganado. Porém aprende mais rápido à medida em que aumenta a sua confiança. Não é o perigo que vem quando se abre mão das defesas. É a segurança. É a paz. É a alegria. E é Deus.
VII. Generosidade
O termo generosidade tem um significado especial para o professor de Deus. Não é o significado usual da palavra; de fato, é um significado que tem que ser aprendido e aprendido muito cuidadosamente. Como todos os outros atributos dos professores de Deus, esse se baseia em última instância na confiança, pois sem confiança ninguém pode ser generoso no sentido verdadeiro. Para o mundo, generosidade significa “dar para os outros” no sentido de “abrir mão”. Para os professores de Deus, significa dar para poder ter. Isso tem sido enfatizado em todo o texto e no livro de exercícios, mas talvez seja mais alheio ao pensamento do mundo do que muitas das outras idéias no nosso currículo. Sua maior estranheza está simplesmente na obviedade da reversão que faz no modo de pensar do mundo. No sentido mais claro possível e no mais simples dos níveis, a palavra significa exatamente o oposto para os professores de Deus e para o mundo. O professor de Deus é generoso por interesse para com Ele Mesmo. Isso não se refere, no entanto, ao ser de que fala o mundo. O professor de Deus não quer nada que não possa dar aos outros, porque compreende, por definição, que isso não teria valor algum para ele. Para que iria querer tal coisa? Só teria a perder com isso. Não poderia ganhar. Portanto, ele não busca aquilo que só ele poderia ter, porque essa é a garantia da perda. Ele não quer sofrer. Por que razão infligiria dor a si mesmo? Mas ele quer ter para si todas as coisas que são de Deus e, portanto, são para o Seu Filho. Estas são as coisas que lhe pertencem. Estas, ele pode dar com generosidade verdadeira, protegendo-as sempre para si mesmo.
VIII. Paciência
Aqueles que estão certos do resultado podem se dar ao luxo de esperar e esperar sem ansiedade. A paciência é natural para o professor de Deus. Tudo o que ele vê é o resultado certo, por algum tempo talvez ainda desconhecido por ele, mas não posto em dúvida. O tempo será tão certo quanto a resposta. E isso é verdadeiro para tudo o que acontece agora ou no futuro. O passado, do mesmo modo, não conteve nenhum equívoco; nada que não tenha servido para beneficiar o mundo, assim como a ele a quem as coisas pareciam acontecer. Talvez isso não tenha sido compreendido na época. Mesmo assim, o professor de Deus está disposto a reconsiderar todas as suas decisões passadas, caso estejam causando dor a alguém. A paciência é natural para aqueles que confiam. Certos da interpretação final de todas as coisas no tempo, nenhum resultado já visto ou ainda por vir pode causar-lhes medo.
IX. Fidelidade
A extensão da fidelidade do professor de Deus é a medida do seu progresso no currículo. Ele ainda seleciona certos aspectos da sua vida para trazer ao seu aprendizado, enquanto mantém outros à parte? Se é assim, seu progresso é limitado e sua confiança ainda não está firmemente estabelecida. A fidelidade é a confiança do professor de Deus no Verbo de Deus em dispor todas as coisas de modo certo; não algumas, mas todas. Em geral, sua fidelidade começa focalizando apenas alguns problemas, permanecendo cuidadosamente limitada por algum tempo. Abrir mão de todos os problemas em função de uma Resposta é reverter inteiramente o pensamento do mundo. Só isso é fidelidade. Nada além disso realmente merece esse nome. No entanto, vale a pena alcançar cada degrau por menor que seja. Estar pronto, como diz o texto, não significa maestria. A fidelidade verdadeira, porém, não se desvia. Sendo consistente, é totalmente honesta. Sendo constante, é plena de confiança. Sendo baseada na ausência do medo, é gentil. Tendo certeza, é alegre. E sendo confiante, é tolerante. A fidelidade, então, combina em si mesma os outros atributos dos professores de Deus. Implica aceitação do Verbo de Deus e a Sua definição a respeito do Seu Filho. É para Eles que a fidelidade no sentido verdadeiro é sempre dirigida. É na direção Deles que ela olha, buscando até achar. A ausência de defesas a acompanha naturalmente e a alegria é a condição para achá-la. E tendo achado, descansa na certeza quieta Daquilo a Que toda fidelidade é devida.
X. Mentalidade aberta
Pode-se compreender facilmente o papel central que ocupa a mentalidade aberta, talvez o último dos atributos que o professor de Deus adquire, quando se reconhece a sua relação com o perdão. A mentalidade aberta vem com a ausência de julgamento. Assim como o julgamento fecha a mente contra o Professor de Deus, assim a mentalidade aberta O convida a entrar. Assim como a condenação julga como mau o Filho de Deus, a mentalidade aberta permite que ele seja julgado pela Voz por Deus a Seu favor. Assim como a projeção da culpa sobre ele o mandaria ao inferno, a mentalidade aberta deixa que a imagem de Cristo seja estendida a ele. Só quem tem a mente aberta pode estar em paz, pois só eles vêem razão para isso. Como é que os que têm a mente aberta perdoam? Eles abandonaram tudo o que impede o perdão. Na verdade, abandonaram o mundo e permitiram que esse lhes fosse restaurado com tal frescor e em alegria tão gloriosa, que nunca teriam podido conceber tamanha mudança. Nada é agora como era antes. Nada deixa de cintilar agora, que antes parecia tão opaco e sem vida. E acima de tudo, todas as coisas lhes dão as boas-vindas, pois a ameaça se foi. Nenhuma nuvem permanece para encobrir a face de Cristo. Agora a meta foi conseguida. O perdão é a meta final do currículo. Pavimenta o caminho para o que vai além de todo aprendizado. “O currículo não faz esforços para exceder sua meta legítima. O perdão é o seu único objetivo para o qual todo o aprendizado converge em última instância. E, de fato, o suficiente. Podes ter notado que a lista dos atributos dos professores de Deus não inclui coisas que constituem a herança do Filho de Deus. Termos como amor, impecabilidade, perfeição, conhecimento e verdade eterna não aparecem nesse contexto. Seriam por demais impróprios aqui. O que Deus deu em tanto excede o nosso currículo que o aprendizado desaparece diante da sua presença. No entanto, quando a sua presença está obscurecida, o foco recai acertadamente sobre o currículo. A função dos professores de Deus é trazer ao mundo o verdadeiro aprendizado. Propriamente falando, o que trazem é “des-aprendizado”, pois esse é “o aprendizado verdadeiro” no mundo. Aos professores de Deus é dado trazer ao mundo as boas-novas do perdão completo. Bem-aventurados são eles, em verdade, pois são os portadores da salvação.